segunda-feira, abril 02, 2007

I'm melting, I'm melting!...

…sem PESC e sem reforma institucional: “goodnight Europe”!?

Joschka Fischer, conhecido visionário e federalista europeu, apresentou um cenário escuro para o futuro da União Europeia, caso as reformas institucionais e a afirmação de uma clara posição europeia em assuntos de política externa não sejam evidentes aos olhos do mundo.

Para o antigo ministro dos negócios estrangeiros alemão, episódios como as crises nas relações energéticas com a Rússia e o escudo de defesa anti-balístico proposto pelos EUA não se podem tornar em ameaças à coesão europeia e à contínua construção do projecto político europeu, pelo que a UE tem que identificar e defender de forma inequívoca os seus interesses estratégicos comuns, no plano interno como no plano externo.

A realidade é que enquanto se aguarda pela institucionalização de um acordo de cooperação UE-Rússia, face à inflexibilidade polaca, os acordos bilaterais de Moscovo com países europeus proliferam, o que reflecte a urgente necessidade de adoptar uma política energética comum europeia!

A discussão da implementação de um sistema de defesa anti-balístico na Polónia e na República Checa, enquanto interesse estratégico comum europeu, deverá ser europeia e não apenas atlantista ou mesmo bilateral! A moldura institucional da UE terá que equacionar uma hábil resposta europeia à proposta dos EUA e simultaneamente não fragilizar as relações com Rússia, pelo que as conversações sobre o escudo anti-balístico é perspectivado como um desafio relevante para a afirmação da saudável existência da PESC.

A reforma institucional, e segundo Joschka Fischer, é determinante para a construção de uma maior legitimidade face às opiniões públicas europeias, de forma a quebrar o actual impasse constitucional europeu e a potenciar a UE enquanto actor internacional credível, na medida em que a Europa não pode alterar as suas coordenadas geográficas e negligenciar as relações geopolíticas com o Médio Oriente, a Rússia, o Cáucaso e África.

É vital para o futuro da UE que o plano europeu não sucumba ao plano bilateral nas questões estratégicas de política externa. Um pessimista abrandamento da construção política europeia e a consequente re-nacionalização dos poderes nacionais irá enfraquecer a Europa e conceder espaço para a não afirmação da UE no xadrez de poder mundial, o que significaria a ausência europeia nas já percepcionadas ascensões da China e da Índia como poderes mundiais do século XXI.



…e se a Europa ficar às escuras, resta saber quem apagou a luz europeia?