segunda-feira, março 19, 2007

Como educar um ditador?

...the American way and the European way

Sobre os acontecimentos da semana passada no Zimbabué, a Presidência da UE mostrou-se "outraged and deeply concerned", condenando as forças de segurança e o governo de Robert Mugabe pela detenção arbitrária de políticos da oposição e exortando as autoridades para agirem conforme o respeito pelos direitos humanos e o Estado de Direito.

As sanções europeias impostas ao regime de Mugabe em 2002, por violação de direitos humanos, estiveram parcialmente na base da ausência do Zimbabué na Cimeira de Cannes de 15 de Fevereiro, durante a qual Angela Merkel urgiu os Estados africanos vizinhos a pressionarem o governo de Harare a suavizar as permanentes políticas não democráticas.

Tendo em conta que a transição para a democracia não deverá estar no actual plano governativo de Robert Mugabe, a II Cimeira UE-África, prevista para Novembro em Lisboa, terá que enfrentar, ou saber habilmente contornar, a presença ou a ausência do Zimbabué, não negligenciando que a presença colocará constrangimentos de índole democrática aos Estados europeus e a ausência poderá conduzir à não-presença de outros Estados africanos.

Será que Lisboa irá optar pela french way na hora de convidar o Zimbabué? Será que a defesa absoluta dos valores democráticos irá impedir a presença da totalidade dos Estados africanos na Cimeira UE-África? Será que a União Europeia terá que moldar os conteúdos programáticos das lições democráticas na relação com os regimes ditatoriais?