quarta-feira, novembro 29, 2006

A UE e a Cimeira de Riga

A Guerra Fria acabou há 15 anos, com o desmembramento da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. O Ocidente, e a NATO, foram considerados os vencedores desse conflito bipolar. Numa tentativa de se adaptar e sobreviver na nova ordem mundial, a Aliança Atlântica decidiu-se pelo alargamento a Leste e por novas formas de intervenção.

Desde o início desta semana que os Chefes de Estado e de Governo da NATO estão reunidos na Letónia, naquela que é a primeira Cimeira da Aliança realizada num país da antiga União Soviética.

A
Cimeira de Riga, que acaba hoje, tinha na sua agenda inicial a transformação da Aliança Atlântica e a definição do seu papel como actor global, mas tudo acabou por se resumir ao Afeganistão e às exigências americanas para um maior empenhamento dos Aliados naquele território.

No entanto, somente foi conseguido um acordo para um maior comprometimento dos Aliados europeus em alargar a disponibilidade de deslocação das suas Forças no terreno, diminuindo os constrangimentos nacionais, mas apenas em caso de emergência. Ficou tudo na mesma e mais uma vez a questão da transformação da NATO foi adiada. Foi ainda aprovado em Riga um texto com as linhas de
acção política da NATO, a desenvolver nos próximos 10-15 anos, mas que também não aparenta trazer nada de novo.


E como fica a União Europeia nisto tudo? Ontem num
texto publicado em vários jornais europeus, o Presidente Francês, Jacques Chirac, apelou a uma maior participação da UE na defesa da paz, de modo a assumir uma parte considerável da responsabilidade na segurança dos territórios onde estiver melhor posicionada para intervir “quer por motivos geográficos ou históricos, quer pela natureza da intervenção”, como por exemplo no caso do Líbano, onde as forças europeias constituirão o eixo da FINUL. Deve então a UE assumir-se como um actor internacional na segurança e defesa e colocar-se ao mesmo nível dos Estados Unidos. Mas conseguir-se-á da parte dos governos europeus a vontade política para o aumento das despesas com a Defesa, que tal postura europeia exige? Ou continuará a UE dependente das forças da NATO para ter capacidade militar para a sua acção?